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Assembléia de Deus Missão do Brasil - Estudos Bíblicos



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A MISSÃO ÉTICA DA IGREJA

A Igreja tem um comportamento distinto dos demais povos e que deve exceder em justiça tanto a judeus quanto a gentios.

INTRODUÇÃO

- Na seqüência do estudo da “Eclesiologia prática”, estaremos estudando o que o ilustre comentarista denominou de “missão ética da Igreja”. Já vimos que um dos aspectos da adoração do cristão é o seu testemunho (“martyria”), ou seja, o seu “modus vivendi”. O cristão é identificado pela sua maneira distinta de viver, bem diferente da “vã maneira de viver que, por tradição, recebemos de nossos pais” (I Pe.1:18 “in fine”).

- A Igreja está no mundo, mas não é do mundo e, portanto, não pode ter as mesmas atitudes e o mesmo comportamento que os demais seres humanos. Eis uma realidade que precisa estar sempre presente em nossas mentes, numa época em que muitos querem ser “cristãos”, mas totalmente conformados com o mundo.

I – O CLAMOR ATUAL PELA ÉTICA E SEU SIGNIFICADO

- Seja na política, seja nas artes, seja na ciência, seja na economia, todos os povos estão observando um clamor, uma exigência por padrões de ética. Cada vez um maior número de pessoas está a exigir dos líderes, dos cientistas, dos empresários, dos trabalhadores, enfim, de todos os segmentos da população, que haja uma atitude ética nos relacionamentos humanos.

- Este clamor por ética reflete o grande vazio espiritual que tem sido vivido pela humanidade, pois a discussão sobre a falta de ética que hoje se verifica em todos os setores da vida humana, nada mais é que uma universal constatação de que os homens perderam o rumo, o norte, que andam de um lado para outro, como ovelhas desgarradas que não têm pastor (Mt.9:36), exatamente porque se recusaram a seguir a Deus e a observar os Seus mandamentos.

- Com efeito, quando se fala em ética, fala-se em "conduta ideal do indivíduo". A ética é o conjunto de padrões, de condutas, de atitudes que devem ser observados pelos indivíduos. Toda atividade humana tem um padrão a ser observado, tem a sua ética.

- A discussão a respeito de como deve o homem se comportar é algo que vem sendo efetuado desde os primórdios da civilização humana, pois Deus fez o homem como um ser moral, ou seja, como um ser responsável, que tem consciência do que deve, ou não, fazer, porque e para que deve agir num determinado sentido. Tanto assim é que, logo após ser colocado no jardim do Éden, por Deus, o primeiro casal recebeu logo uma determinação de Deus : " De toda a árvore do jardim, comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres, certamente, morrerás." (Gn.2:16b,17).

- Como se percebe, portanto, o homem foi feito um ser eminentemente moral, ou seja, um ser ético (pois a palavra "mos, moris"em latim nada mais é que a tradução da palavra grega "ethos") e, desde então, a história da humanidade tem refletido este embate entre o comportamento exigido por Deus e o comportamento que o homem escolhe, dentro de seu livre-arbítrio, para si, independentemente da vontade humana.

- O resultado da desobediência do homem e da sua tentativa de construir para si padrões de conduta alheios à vontade de Deus resultou nos grandes dilemas que hoje, como em nenhum outro momento da história humana, vivemos nesta "grande aldeia global" em que se tornou o nosso planeta, dilemas estes que, não raro, abalam a fé de muitos servos de Deus que, à revelia da própria Palavra de Deus, acabam cedendo a padrões, princípios e procedimentos que são radicalmente contrários à vontade do Senhor.

- O homem, imerso no pecado(Rm.3:9-12,23), separado de Deus (Is.59:2), cegado pelo deus deste século (II Co.4:4), não pode ter senão comportamentos e condutas que desagradam a Deus, estabelecendo-se, pela arrogância dos homens, um relativismo ético, ou seja, um conjunto de condutas e de regras de comportamento que se alteram conforme a conveniência e de acordo com as circunstâncias, a gerar uma tolerância ilimitada, um verdadeiro caminho largo, em que tudo é permitido (Mt.7:13).

- O resultado disto é o surgimento de um vazio espiritual, de uma falta de orientação e de princípios, que deixa a humanidade perdida e sem qualquer direção, com funestas conseqüências, como as que temos visto nos nossos dias e que estão levando à indignação e a este clamor por uma ética mínima nos relacionamentos humanos.

- Busca o homem uma referência, uma base, um fundamento, esquecido que somente um é absoluto neste universo, somente um tem o direito de impor uma conduta a todos os homens, que é o nosso Deus, o Criador dos céus e da terra, o Soberano Senhor.

- Nesta busca pela ética, que nada mais é que uma sede de Deus, deve a Igreja, corajosamente, como agência do reino de Deus, clamar ao mundo que a ética tão desejada, que a conduta ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca e maior justiça nas relações socioeconômicas, mas nAquele que, desde a criação do homem, tem querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra a verdadeira ética e, portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a Palavra de Deus.

II – A ÉTICA E A ÉTICA CRISTÃ

- "Ética" é palavra de origem grega, que vem de "ethos", que quer dizer costume, hábito, disposição. Em latim, a palavra usada para dar a mesma idéia é "mos, moris". Advém daí que, etimologicamente, temos que "ética" e "moral" se confundem, pois ambas dizem respeito ao conjunto de padrões e de atitudes que as pessoas devem ter no seu dia-a-dia, no seu cotidiano.

- A ética, portanto, preocupa-se com a conduta ideal do indivíduo, ou seja, qual deve ser o comportamento do indivíduo ao exercer uma determinada atividade, ao desempenhar uma determinada ação, ou seja, como o indivíduo deve agir enquanto vive.

OBS: "...A ética é a ciência da conduta ideal. Aborda a conduta ideal do indivíduo, isto é, nossa responsabilidade primária. Os Evangelhos nos ensinam que a transformação moral nos conduz às perfeições de Deus Pai (Mt.5.48). E daí, parte-se para a transformação de acordo com a imagem do Filho de Deus (Rm. 8.29; Ii Co. 3.18). Precisamos cuidar de nosso próprio desenvolvimento espiritual como indivíduos. Essa transformação reflete em nossa conduta pessoal, pois a conversão cristã gera essa transformação na vida do ser humano direcionando-o à ética pessoal ( II Co. 5.17) ..." ( Pr. José Elias CROCE. Lição 1 - O cristão e a ética. Betel Dominical, jovens e adultos, 3º trim. 2001, p.8)

- A Bíblia nos mostra que Deus fez o homem dotado de moralidade, pois feito à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26) e Deus é um ser eminentemente moral, de forma que o homem não poderia ser diferente. Como demonstração desta moralidade ínsita à natureza humana, Deus estabeleceu, já no jardim do Éden, uma regra a ser observada, referente à árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17). Neste estabelecimento da regra, Deus denuncia não só a moralidade do homem como a sua liberdade. Assim, a vida do homem está envolvida, integralmente, com a ética, com a conduta que deve seguir.

- Não é, portanto, desarrazoado que, desde as épocas mais antigas, tenha o homem se debruçado sobre a questão do comportamento que deve ser seguido no viver cotidiano, a ponto de uma das partes tradicionais da filosofia ser, exatamente, a ética, aqui concebida como a reflexão de como deve ser o agir humano, de qual a conduta ideal do indivíduo.

- Desde a criação, portanto, ao homem tem sido proposta uma conduta ideal, qual seja, a obediência a Deus e a Seus mandamentos, que é a ética divina, a verdadeira ética que conduz o homem à comunhão com seu Criador e à vida eterna, mas o homem, desde a queda, tem enveredado por outros caminhos, buscando, dentro de sua capacidade e de seus pensamentos, outras condutas de vida, outras formas de comportamento, que dão ensejo às diversas éticas que têm sido criadas ao longo da história da humanidade.

- Quando se fala, portanto, em conduta ideal do indivíduo, em forma de agir, em comportamentos adequados, sempre teremos, de um lado, o comportamento exigido por Deus, proposto pelo Criador, determinado pelo Soberano Senhor dos céus e da terra, como, também, de outro lado, as propostas humanas de conduta e de comportamento, fruto da rebeldia do ser humano e de seu estado pecaminoso.

OBS: "...Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver com nossa vida, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas ciências exatas é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados pelo que cremos. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos é certo ou errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções.

Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental. As chamadas ÉTICAS HUMANÍSTICAS tomam o ser humano como seu princípio orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo. Já o utilitarismo tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo, dizimando milhares de judeus em nomes do que é útil, demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos. O existencialismo, por sua vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Seu principio orientador é que o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual.

A ÉTICA NATURALÍSTICA toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e desaparecer à medida em que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo. Numa sociedade dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar. Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos). (Rev. Augustus Nicodemus LOPES. A ética nossa de Cada dia.http://www.thirdmill.org/files/portuguese/14495~9_19_01_9-44-44_AM~A_%C3%89tica_nossa_de_Cada_Dia.html)

- Jesus, ao vir ao mundo para ser a suprema revelação do Pai (Hb.1:1; Jo.14:8-11; 17:3-7), igualmente nos mostrou qual a conduta que devemos ter neste mundo (Jo.17:14-23; Mt.7:24-27; I Co.11:1; I Pe.2:21-25), ou seja, qual a ética do servo de Deus.

- É, portanto, imperioso que o cristão tenha um comportamento diferente do que não é cristão, pois somente o cristão genuíno está a se conduzir conforme a vontade de Deus, conforme a regra determinada por Deus. Não é possível que alguém seja considerado verdadeiro servo de Deus se não tiver este comportamento diferente, pois somos um povo separado e de boas obras (I Pe.2:9; Tt.2:11-14). É somente através deste comportamento que poderemos levar os homens a glorificar a Deus (Mt.5:13-16).

- A ética cristã, portanto, em primeiro lugar, caracteriza-se por ser um comportamento assumido por um indivíduo que o faz exclusivamente pela fé. Sim, o cristão passa a ter um determinado comportamento porque crê que aquele comportamento, aquelas atitudes são agradáveis a Deus, que é o galardoador dos que O buscam (Hb.11:6). Cremos em Deus e na Sua Palavra e é por isso que passamos a agir conforme os Seus mandamentos. É por isso que Paulo afirma que "tudo que não é de fé é pecado"(Rm.14:23).

- Cumprimos a Palavra de Deus, praticamos as ações e atitudes que a Bíblia nos determina, porque, antes, cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus e a única regra de fé e prática que deve ser seguida. Temos a convicção, que nasce em nós por dom de Deus (Ef.2:8), pela aceitação da ação de convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8-11).

- Destarte, quem não tem fé verdadeira e genuína, não pode, em absoluto, ter um comportamento ou conduta que esteja de acordo com a Palavra de Deus, ou seja, a ética cristão exige uma verdadeira conversão do indivíduo. É por isso que vemos com preocupação a constatação de que a ética tem sido relegada a um plano absolutamente secundário na pregação do evangelho nos nossos dias, tanto que o fenômeno tem sido observado até por sociólogos da religião, como Antonio Flávio Pierucci, que o denominou de "des-moralização religiosa", algo, aliás, que já tinha sido previsto nas Escrituras (II Pe.2:1-3)

OBS: "...Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são inadequadas, já que ambos, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos da entrada do pecado no mundo. A ÉTICA CRISTÃ, por sua vez, parte de diversos pressupostos associados com o Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um único Deus, criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais) mas como criação de Deus, ao qual é responsável moralmente. Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus; como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Um outro postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar o homem. Mediante fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado, renovado e capacitado a viver uma vida de amor a Deus e ao próximo. A vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir a obedecê-lo. A ÉTICA CRISTÃ, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas."

(Rev. Augustus Nicodemus LOPES. A ética nossa de cada dia. http://www.thirdmill.org/files/portuguese/14495~9_19_01_9-44-44_AM~A_%C3%89tica_nossa_de_Cada_Dia.html)

- A existência de um comportamento distinto e de acordo com a Palavra de Deus foi algo que faltou na geração do êxodo entre os filhos de Israel, tanto que foi o responsável, ao lado da incredulidade (Hb.3:19), pelo fracasso e morte daquele povo no deserto. Deus não Se agradou daqueles que tomaram um comportamento semelhante aos dos outros povos, que assumiram as mesmas ações e condutas decorrentes de pensamentos humanos e rebeldes contra Deus. O resultado de tal atitude inconseqüente foi a sua própria destruição e prostração no deserto (I Co.10:5). Quem quer agradar ao mundo, às éticas fundadas no pecado e na rebeldia, torna-se inimigo de Deus (Tg.4:4).

- Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo, hodiernamente, defende a idéia do "relativismo ético", ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não entendem.

- Entretanto, este tipo de pensamento é antibíblico, porquanto é mera conseqüência do pecado do homem, da sua recusa em obedecer a Deus e à ética estabelecida pelo Criador dos céus e da terra. Não negamos a liberdade de cada indivíduo de viver conforme a sua vontade, pois o livre-arbítrio foi dado ao homem pelo próprio Deus e, desta forma, é igualmente antibíblico agir de forma a negá-lo ou procurar massacrá-lo, mas não resta dúvida de que existe uma ordem universal instituída por Deus e que esta ordem deve ser observada pelo homem.

- Portanto, existe, sim, uma conduta que deve ser perseguida pelo ser humano, que é a conduta determinada por Deus, por Ele revelada em Sua Palavra, que deve ser a nossa única regra de fé e prática. Ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por Sua Palavra.

OBS: "...O Mestre Jesus, ensinador por excelência, inicia agora seu maravilhoso discurso, popularmente conhecido como Sermão da Montanha. Nunca um discurso foi tão universal. O Sermão da Montanha não proferido para judeus, mas era eficaz para tantos quanto ouvissem (Mt 7.24). Aqui, não há questões culturais. Aqui não há exteriorização. Aqui, são as profundezas do coração humano que são sondados. Jesus identificou em todo esse discurso que o primeiro alvo do evangelho genuíno é transformar o interior do homem. O resto, é de acordo com o querer do Espírito pela atuação da Palavra. O sermaõ do monte não é mandamento, é ideal, alvo a ser perseguido. Sabemos perfeitamente que ser humano algum pode alcançar tão altas exigências de amor e santidade pelo braço da carne, mas somente pelo poder do Espírito e pela graça de Deus. Se o sermão da montanha fosse mandamento, estaríamos em situação dificil, com certeza Jesus teria mentido quanto ao seu jugo suave e fardo leve (Mt 11.28). Mas todos os salvos almejam e procuram viver de acordo com esta ética do reino. Aleluias!!! Sermos súditos do Reino implica empenharmo-nos resolutamente para viver o padrão ético de Deus para seu povo.... Existe uma ética, uma legislação vigente neste reino: A legislação vigente do reino é de uma simplicidade e de uma profundidade espiritual muito grande. "O Teu trono, oh Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade;" (Sl 45.6,7a).... Com o propósito de responder a todas as indagações e estabelecer o padrão de conduta dos cidadãos do reino, Jesus proferiu um discurso-chave popularmente conhecido como "Sermão do Monte". Este sermão nos mostra que a real vida em Cristo requer a substituição de nosso padrão de justiça. Ser um cidadão do reino independe do que temos ou fazemos, mas do que somos. É um estado interior. O Sermão do Monte é a base a todos os que desejam viver realmente o Cristianismo bíblico..." http://www.scriptura.hpg.ig.com.br/novo/mateus/mt005.htm).

- A inobservância do padrão bíblico gera a ira de Deus sobre os desobedientes (Rm.1:18) e o resultado desta recusa à ética divina é o abandono de Deus, de forma que haja a concupiscência dos corações humanos à imundícia e toda a sorte de desordem, de desequilíbrio e de iniqüidade no seio da humanidade (Rm.1:26-32).

OBS: "...01- A maldade humana tem gerado nas pessoas uma total falta de caráter quando diz respeito às coisas de Deus. Quase sempre os seres humanos estão dispostos a se tornarem bons conhecedores das verdades bíblicas, sem contudo, ter a intenção de se tornarem praticantes. 02 - Jesus quer não somente a nossa fé, mas também a nossa fidelidade. Fé é crença, enquanto fidelidade é prática da vontade de Deus. Fidelidade e obediência são a mesma coisa nesse sentido. Essa deve ser a marca ou o ponto distinto entre os discípulos de Jesus e os escribas e fariseus. Enquanto escribas e fariseus são excelentes professores de leis que só passam por seus livros e intelectos, os discípulos devem se tornar homens com o coração cheio de verdades para a vida diária..." (Rev. Ary Sérgio Abreu MOTA. Uma janela para o sermão do monte. http://www.ejesus.com.br/estudos/2000-01/uma_janela_para_o_sermao_do_monte.htm).

- Por causa do "relativismo ético", é que se tem um vazio nas relações humanas, uma perplexidade quanto aos rumos e às orientações que se devam tomar no tratamento dos principais problemas morais, tentando o homem em vão buscar a solução para este vazio em técnicas de auto-ajuda ou em valores como os direitos humanos. A solução para o homem está em acolher a ética divina, constante da Palavra de Deus e exemplificada de forma ímpar na vida e no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- Ora, Deus, após ter revelado Sua ética na Sua Palavra e no exemplo de Jesus Cristo, constituiu um povo Seu para viver conforme a Sua vontade (Gl.6:15,16), a saber, a Sua Igreja, que tem um dever indeclinável sobre a face da terra, qual seja, o de pregar o evangelho, ou seja, anunciar aos homens que existe uma salvação e que é possível a transformação da vã maneira de viver que tem sido vivida pela humanidade (I Pe.1:18).

- Como povo de Deus, como anunciadora das boas-novas da salvação, a Igreja tem de pregar, a todo momento, que o homem deve assumir o comportamento exigido por Deus, deve se reconciliar com seu Criador e isto impõe a assunção de uma vida de santidade e de agrado a Deus. É mister que, com desenvoltura, a Igreja proclame que o mundo deve " se arrepender e se salvar desta geração perversa" (At.2:37-40).

- Mas, para fazer esta proclamação, a Igreja deve se comportar como Jesus, ou seja, deve pregar a ética divina com autoridade (Mt.7:29), ou seja, deve ter, ela própria, uma vida tal que faça com que todos lhe indiquem como sendo "cristã", ou seja, "parecida com Cristo"(At.11:26), pois, caso contrário, acabará repetindo o fracasso representado pelos escribas e fariseus (Mt.23:2-4), prestando, assim, enorme desserviço à obra de Deus, com graves conseqüências para os que assim agirem (Mt.7:20-23; 25:31-46).

OBS: "...O propósito da doutrina de Cristo é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não deve subentender meros conceitos intelectuais e religiosos. E, para tanto, temos que entender aqueles ensinos usados pelo Espírito Santo a fim de transformar almas humanas, tornando-as semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas dos credos religiosos tendem a estagnar a viva energia dos ensinamentos de Cristo. Quando Ele disse: " aprendei de mim" não estava pensando em alguma sistematização de idéias a Seu respeito e, sim, na capacidade transformadora de Sua doutrina e Espírito, capaz de transformar Seus discípulos. Portanto, a doutrina de Cristo não consiste somente naquilo em que cremos. Antes, trata-se de uma maneira de viver. De outra sorte, a fé cristã seria apenas outra filosofia e a comunidade cristã seria apenas mais uma religião. Em outras palavras: o propósito da doutrina de Jesus não é somente para que possamos crer em Suas palavras e na Sua pessoa, mas também devemos viver o que Ele ensinou...Não é bastante crer, é necessário praticar, edificar a casa sobre a Rocha e, se necessário, cavar fundo, lançando os alicerces com segurança..." (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.5, p.77-8).

- A Igreja é, portanto, um povo que, liberto do mal (Jo.17:15), bem como do pecado (Jo.8:32-36), tem o devido discernimento do que é certo ou errado, do que agrada e do que não agrada a Deus e, portanto, age com plena liberdade, pois não está mais escravizada pelo pecado. A liberdade do cristão, entretanto, sempre é responsável e segue a padrões estabelecidos por Deus, a Quem servimos e a Quem queremos agradar. Tudo é lícito ao cristão, vez que não tem ele mais malícia nem maldade, mas nem tudo lhe convém(I Co.10:23), vez que, agora, a vida que vive, vive-a em e para Cristo (Gl.2:20).

- O cristão somente deve praticar o que seja bom para edificação, o que seja verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama e em que haja alguma virtude e algum louvor (Fp.4:8), coisas que correspondem ao fruto do Espírito e contra o que não há lei humana que possa querer evitar (Gl.5:22,23).

- O objetivo do cristão deve ser, sempre, a glória de Deus, daí porque Jesus ter nos alertado de que as nossas obras farão os homens glorificarem a Deus (Mt.5:16). Aliás, foi este o propósito de todo o ministério terreno de Cristo (Jo.17:4). Tudo o que fizermos deve redundar na glorificação do Senhor ( I Co.10:31) e isto no relacionamento com todos os homens, indistintamente, pertençam eles a qualquer um dos três povos da terra (judeus, gentios e igreja) (I Co.10:33).

- Quando se fala em escândalo ante judeus, gentios e igreja de Deus (I Co.10:33), devemos salientar que a Palavra de Deus assim considera aqueles que, dizendo-se cristãos, não estiverem sendo fiéis e forem apanhados em pecado, trazendo, assim, escândalo, ou seja, perplexidade resultante da discordância entre o que é dito e pregado e o que é vivido pelo suposto servo de Deus. Em hipótese alguma, poderemos considerar escândalo toda e qualquer calúnia ou injúria que for levantada contra um sincero servo de Deus, como fruto da oposição satânica a seu fiel proceder diante de Deus. Pelo contrário, antes de maldição, esta circunstância é, segundo a Palavra de Deus, uma bem-aventurança, uma bênção, um motivo para o regozijo do crente (Mt.5:11,12; I Pe.2:19-25)

- Será que o nosso comportamento tem sido desta ordem no meio dos homens? Será que nossa conduta revela que somos sal da terra e luz do mundo, ou já estamos irremediavelmente comprometidos com os princípios, valores, crenças e comportamento mundanos? Será que nossa conduta tem servido para a glória de Deus, ou temos sido motivo de escândalo na igreja, entre os judeus ou entre os gentios?

III – IGREJA: LUZ DO MUNDO E SAL DA TERRA

- No sermão do monte, que já vimos ser o sermão ético de Jesus para a Sua Igreja, o Senhor mostra-nos precisamente o que devemos ser, em termos de conduta, entre judeus e gentios sobre a face da Terra. Cristo afirmou que temos de ser “luz do mundo” e “sal da terra”, duas figuras que sintetizam como devemos nos comportar enquanto não vem a nossa glorificação.

- É muito interessante que venhamos a verificar estas duas figuras, pois elas são um ensino precioso para que saibamos estabelecer os parâmetros de nosso comportamento, para sabermos se, efetivamente, temos sido discípulos do Senhor ou se, ao contrário, temos sido apenas motivo de escândalo, obstáculos à propagação do Evangelho e à salvação das almas.

- Por primeiro, cumpre observar, de pronto, que estas duas figuras mostram que os cristãos devem ser semelhantes a Cristo. Jesus disse que devemos ser a luz do mundo, mas Ele próprio disse que era a luz do mundo (Jo.8:12; 12:46). Ao dizer que somos o “sal da terra”, o Senhor também nos identificou a Ele, já que o sal era o elemento presente em todas as ofertas apresentadas ao Senhor (Lv.2:13), de modo que não se tratava de símbolo senão de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29).

- Assim, ao apresentar estas duas figuras para indicar qual deve ser o comportamento da Igreja, Jesus simplesmente está a Se apresentar como o modelo desta Igreja. Por isso, como afirmou o escritor Charles M. Seldon em seu famoso livro, a principal diretriz da ética cristã é perguntar, antes de tomar qualquer atitude ou decisão: “Em seus passos, que faria Jesus?”

- A segunda observação que vemos nas duas figuras apresentadas pelo Senhor é de que ser “luz” e ser “sal” é afirmar que há uma contradição, uma oposição entre o modo de viver da Igreja e o modo de viver do mundo. “…A realidade é que o Reino de Deus e o mundo são distintos, é como luz e trevas, porém estão relacionadas uma com a outra: de um lado, a decomposição; do outro, a preservação; de um lado, a escuridão; do outro, a iluminação. O efeito preservador faz cessar a decomposição e a iluminação faz enxergar na escuridão.…” (BARRETO, Hermes. O maior sermão do mundo: a relevância do caráter cristão, p.30).

- Dizer que a Igreja é a luz do mundo é afirmar que ela se opõe ao mundo, que é considerado como trevas (Is.9:2; 59:9; Jo.1:5; 3:19; Rm.13:12; II Co.6:14). Ser luz do mundo, como explica Jesus, é praticar boas obras, é conduzir-se com verdade (Jo.3:20,21). O mundo, porém, que está no maligno (I Jo.5:19), não pratica a verdade, pois está sob o domínio do pai da mentira (Jo.8:44) e, por isso, suas obras são más.

- Esta oposição que existe entre a Igreja e o mundo não permite que haja qualquer possibilidade de comunhão, de contacto entre a luz e as trevas. Onde há luz, as trevas se dissipam; onde a luz se apaga, as trevas dominam. Não pode o cristão verdadeiro e genuíno ter a forma do mundo, portar-se como o mundo se porta, pois não é possível qualquer conciliação entre luz e trevas (II Co.6:14b).

- Preocupante, portanto, o gesto de muitos sedizentes cristãos que, sob a justificativa de que “Deus só quer o coração”, procuram cada vez mais se assemelhar às outras pessoas, não ser “diferentes”, ser “iguais às outras”, inclusive alguns buscando basear-se numa falsa doutrina de evangelização, segundo a qual “é preciso ser fraco para ganhar os fracos; ser como os pecadores para ganhá-los para Cristo”. Tal ensino, completamente sem respaldo bíblico, não se coaduna com o ensinamento de Jesus: somos a luz do mundo e não há comunhão entre luz e trevas. Ter uma linguagem e uma estratégia de evangelização para se fazer compreendido pelos pecadores em absoluto significa viver como os pecadores, mas, sim, viver sóbria, pia e justamente no presente século, para que os homens incrédulos percebam a diferença que há entre a luz e as trevas (Tt.2:11,12).

- A figura do “sal” também nos dá conta da oposição que existe entre a Igreja e o mundo. Enquanto o mundo é sempre caracterizado pela corrupção generalizada, pela degeneração de costumes e de hábitos (Gn.6:5; Ex.32:7-9; Jz.2:10-15; II Rs.17:7-23; 23:25,26; Ml.1), o sal é o elemento que simboliza a preservação, a conservação, mormente nos dias em que foi redigido o texto bíblico, quando ainda não havia os métodos atuais de conservação de alimentos, todos dependentes da energia elétrica.

- O terceiro fator a que nos remete as figuras da luz e do sal é a circunstância de que, tanto uma quanto a outra não produzem seus efeitos se não vier à tona, se não se apresentar. A luz, como o próprio Jesus disse, não pode ser mantida escondida, tem de se manifestar para que possa iluminar, assim como o sal não pode ser mantido separado dos alimentos, mas tem de se misturar com eles para ter algum efeito.

- A Igreja, portanto, não pode cumprir o seu papel sem que se misture no meio dos outros dois povos, sem que esteja no meio deles. Por isso, a Igreja está no mundo, embora não seja do mundo. As iniciativas sectárias, ou seja, que procuram separar os cristãos do meio da sociedade, colocar-lhes à parte, em comunidades totalmente separadas e alheias às outras pessoas são movimentos que não têm respaldo bíblico, pois caminham no sentido contrário do ensinamento de Jesus. Precisamos estar no meio de judeus e gentios, sem que compartilhemos os seus valores e crenças, sem que assumamos o seu modo de viver. Somos diferentes, mas temos de estar no meio destas pessoas, sem o que a Igreja não cumprirá o papel que lhe foi destinado pelo Senhor.

- Manter o equilíbrio e estar no centro da vontade do Senhor tem sido um constante desafio da Igreja ao longo da sua história. Muitos se levantam no meio das igrejas locais e defendem uma posição sectarista, de total isolamento da comunidade, obrigando os crentes a viver “dentro das quatro paredes” dos templos e de suas residências, totalmente alheios ao mundo que os cerca. Este comportamento não tem base bíblica e é, na verdade, um farisaísmo que se implanta dentro das igrejas, cujo resultado é a total irrelevância dos cristãos no seio da comunidade. Escondendo-se a luz e não se salgando a alimentação, os cristãos passam a ser inúteis, totalmente dispensáveis, permitindo que, nos locais onde se encontram, haja predomínio das trevas e degeneração de costumes e hábitos cada vez mais intensa.

- Outros, no extremo oposto, no afã de evitar o farisaísmo, acabam assumindo a forma do mundo, confundido “estar no mundo” com “ser do mundo”. Querendo ser “sociáveis”, acabam enveredando pelo caminho do “nicolaísmo”, ou seja, do comprometimento com o pecado e com a corrupção do mundo(Ap.2:6,15). Apagam a sua luz, por causa do pecado que praticam, por causa da hipocrisia que passam a professar (pois não vivem mais como pregam), tornam-se escravos da mentira. Tornam-se um sal insípido, sem sabor, sem poder de conservação, para nada mais servindo senão para ser lançados fora e pisados pelos homens. O resultado é uma série de escândalos que servem para desacreditar a mensagem do Evangelho e, assim, aumentar, ainda mais, as trevas e a corrupção.

- Ser “luz do mundo” é iluminar o mundo, ou seja, fazer resplandecer a luz do Evangelho de Cristo (II Co.4:4), o que somente se faz quando praticamos a verdade, quando temos um comportamento de total submissão às Escrituras (II Co.4:2). Quando vivemos conforme a Palavra de Deus, os homens vêem que estamos na luz e identificam que somos filhos de Deus e, por isso, glorificam ao nosso Pai que está nos céus, pois sabem que nossas obras são boas (Mt.5:16).

- Ser “luz do mundo” é ter comunhão com Deus, o que significa que é viver sem pecar e, se pecarmos por acidente, pedirmos imediatamente perdão a Deus e a quem ofendermos, como também termos comunhão uns com os outros, com a “família de Deus”(Ef.2:19), pois só assim teremos condição de estar debaixo do poder purificador do sangue de Cristo (I Jo.1:5-7).

- Ser “luz do mundo” é amarmos o próximo como a nós mesmos, não é apenas dizer que amamos, mas tomarmos atitudes reais que demonstram o nosso amor pelo outro (I Jo.3:17-19), guardando, assim, os mandamentos do Senhor (I Jo.3:24).

- Ser “luz do mundo” é também trazer não só iluminação, mas também calor para o mundo. A luz também produz calor e é necessário que o cristão traga, ao mundo, fervor espiritual (Rm.12:11). Para termos fervor espiritual, faz-se mister que vivamos uma vida de santificação, de oração e de jejum, para que sejamos vasos de honra na casa do Senhor e nossas palavras possam “ferver”, atingindo os corações (Sl.45:1). Uma vida de separação do pecado é indispensável para que tenhamos “fervor”, que não se confunde com “barulho” nem tampouco com “emocionalismo” ou “movimentos carnais”.

- Ser “luz do mundo” é produzir energia. O cristão verdadeiro traz ânimo e estimula os demais a buscar a Deus, a temer a Deus. Quando o cristão vive uma vida de sinceridade, todos que estão à sua volta percebem a sua condição de santo homem de Deus (II Rs.4:9) e, por isso, passam a desejar a sua companhia, ainda que inconscientemente, pois todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de Deus. Muitas vidas têm se rendido a Cristo por causa dos testemunhos destas “luzes do mundo” que estão a brilhar por este mundo afora (Fp.2:15). O verdadeiro cristão é um dínamo, uma testemunha de Cristo que, revestida de poder, leva multidões aos pés do Senhor com o seu exemplo (I Pe.2:21).

- Ser “sal da terra” é conservar o ambiente onde se encontra, é preservar a sua qualidade. O cristão, onde quer que se encontre, precisa ser um instrumento da resistência do Espírito Santo contra a corrupção, contra a degeneração total deste mundo (II Ts.2:7). Se o mundo ainda não apodreceu de vez, se tudo ainda não “degringolou” definitivamente, é porque ainda existe um povo que é o “sal da terra”, a Igreja.

- É muito triste quando percebemos que, em muitos ambientes, a presença de crentes nominais nada representa. A devassidão, a imoralidade, a prostituição e a corrupção predominam nestes lugares, apesar da presença de “sedizentes cristãos” (como, por exemplo, no Congresso Nacional na legislatura passada, onde, apesar de uma expressiva “bancada evangélica”, tivemos a mais corrupta de todas as legislaturas da história do país, tendo os “evangélicos”, lamentavelmente, sido protagonistas de alguns dos piores escândalos, como o da “máfia dos sanguessugas”). Isto é inadmissível, pois o verdadeiro crente, embora não possa impedir o aumento da iniqüidade, que está profetizado nas Escrituras (Mt.24:12), deve ser um bastião de resistência, pois é sal da terra.

- Como se comportam as pessoas que conosco convivem quando vão entabular conversas imorais, chocarrices e outras más conversações? Será que se incomodam com a nossa presença? Será que nos respeitam? Ou será que somos os primeiros a nos assentar na roda dos escarnecedores? O ambiente aumenta de padrão moral com a nossa presença, ou não fazemos a menor diferença? Se somos “sal da terra”, evidentemente que somos um instrumento de resistência e, embora não possamos “consertar o mundo”, pelo menos um pouco de moralidade, pureza e santidade levaremos ao ambiente, pois, se somos “sal da terra”, não permitiremos a deterioração total do ambiente.

- Ser “sal da terra” é dar sabor ao ambiente onde vivemos. O sal dá sabor, faz com que o alimento se torne gostoso, temperado e agradável. Como crentes, devemos tornar o lugar onde estamos agradável, apetitoso, equilibrado. Como as pessoas se sentem quando estão conosco? Será que irradiamos paz, tranqüilidade, confiança, pureza, equilíbrio e moderação? Será que, com exceção daqueles que estão sob possessão maligna, nossa presença é um lenitivo espiritual para as pessoas que nos cercam? Ou será que nós, ao invés de sermos “sal da terra”, temos sido “vinagre”, azedando o ambiente, tornando-o ácido e de difícil convivência? Somos pacificadores ou, pelo contrário, por nosso intermédio é que se produzem as contendas e porfias nos relacionamentos?

- Ser “sal da terra” é, também, trazer “calor humano”, solidariedade e amor ao lugar onde estamos. Com efeito, nos países temperados e frios, o sal é utilizado para impedir que o gelo e a neve se produzam nas estradas e ruas no rigor do inverno. O sal, portanto, impede que se consolide a frieza, que predomine o gelo. Temos sido instrumento para o aumento da amizade e do companheirismo entre as pessoas? Temos levado as pessoas a reavaliar a sua relação com Deus, ou somos os principais “refrigeradores” do ambiente onde estamos, levando as pessoas a se distanciar cada vez mais do “Sol da justiça” e do “fervor espiritual”?

- Ser “sal da terra” é, muitas vezes, manter-se anônimo, invisível e imperceptível ao olho nu. Com efeito, o sal, no mais das vezes, não é visto embora esteja ali presente. O verdadeiro e genuíno cristão também não aparece, mas deixa que os efeitos da sua presença se apresentem, até porque não quer jamais a glória para si, mas, sim, para o Senhor. Por isso, muitos “aparecidos” não são “sal da terra”, mas pessoas que, por quererem aparecer, acabam fazendo a comida ficar “salgada demais” e imprestável para consumo.

- Ser “luz do mundo”, também, é manter-se anônimo, pois, em verdade, quando brilhamos, não fazemos aparecer a nossa imagem, pois somos apenas espelhos (II Co.3:18), luzeiros(Fp.2:15 ARA), que estão a refletir a imagem de Cristo, o único que deve aparecer e ser glorificado.

OBS: “…Mas a questão é: Qual rótulo nós queremos para a igreja nestes dias? O rótulo virá; cabe a nós trabalharmos para fazer com que as pessoas olhem para nós com simpatia, como olhava a sociedade que cercava a igreja primitiva (At. 2:47) ou com desprezo pelas discrepâncias entre nossa mensagem e nossa prática (que Deus nos livre!!!). Já partimos do princípio que há incontáveis cidadãos analisando as ações da noiva de Cristo, ávidos, observando seus passos e aguardando ansiosamente para dar sua opinião a nosso respeito. Colar um rótulo. Mas é dever da igreja preocupar-se com o que as pessoas pensam de nós? Sem dúvida! Nosso trabalho é ser reflexo de Cristo e é importante que todos consigam enxergar Jesus em nós de forma límpida, transparente e clara. Espelhos do Mestre.…” (BENTES, Fábio. O rótulo da igreja. Disponível em: http://www.bibliaworldnet.com.br/ Acesso em 29 dez. 2006).

- Temos tido esta conduta no nosso dia-a-dia? Pertencemos mesmo à Igreja?

OBS: “…Os problemas que enfrentamos no Brasil hoje são muitos. A corrupção tem aumentado. A degradação moral também. Leis com objetivo de atacara Igreja estão surgindo. O que fazer? Apenas ficar parados, de mãos cruzadas, vendo as coisas acontecerem?(…). O mandato espiritual da Igreja é para ganhar vidas para Cristo e ‘salgar’ a sociedade, ser relevante, provocar transformações sadias. Que por meio da igreja brasileira brilhe a luz de Cristo, dissipando as trevas espirituais em que está imerso o nosso país.” (PROMOVER transformações na sociedade é o desafio das igrejas do século 21. Mensageiro da paz, ano 77, n. 1.460, jan. 2007, p.5).