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Assembléia de Deus Missão do Brasil - Estudos Bíblicos



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Quem tem ouvidos, ouça! Jr 1

Séculos antes de Jeremias pregar aos reis de Judá, as pessoas costumavam alertar sobre as situações de emergência usando sinais de fogo. Cidades fortificadas e unidades do exército aquarteladas em fortalezas construídas com o objetivo de suportar o cerco do inimigo serviam, também, como centros de comunicação.
Sinais de fogo à noite avisavam sobre o avanço do exército estrangeiro, os contra-ataques, derrotas, ou sinalizavam que "tudo está bem". Homens a postos nas estações de comunicação viam o fogo e retransmitiam a mensagem à cidade fortificada mais próxima, que, por sua vez, passava a mensagem adiante.
Esse tipo de "telefone sem fio" ainda existia na época de Jeremias. Cidades fortificadas pontilhavam o interior do território de Judá. A maior delas - a razão da existência das demais - era a cidade de Jerusalém.
Nas noites da primavera e do verão do ano 589 antes de Cristo, fogueiras sinalizaram avisos de urgência, alertaram para o perigo de vida ou de morte. Uma a uma elas foram sendo apagadas; o exército da Babilônia apagou-as para sempre.

Os caldeus chegaram a Jerusalém e a cidade suportou o cerco; entre todas as cidades fortificadas de Judá, apenas Laquis e Azeca fizeram o mesmo. Nas ruínas de Laquis, arqueólogos encontraram algumas cartas que chegaram à cidade nos dias do cerco babilônico. Uma delas, ao que parece enviada de Jerusalém, traz um testemunho de simplicidade comovente. "Estamos procurando ver as estações sinalizadoras de Laquis, conforme o código fornecido, pois não conseguimos ver nenhum sinal de Azeca".
Azeca foi tomada. Alguns meses depois, Laquis se rendeu. Em julho do ano 587 o suprimento de gêneros alimentícios de Jerusalém chegou ao fim e nesse mesmo dia o exército da Babilônia fez uma brecha no muro.

Antes de voltarem à sua terra, os babilônios destruíram o templo, derrubaram os muros de Jerusalém, massacraram ou deportaram quase toda a população e puseram fogo na cidade.
Em certo sentido o Antigo Testamento não tem outro propósito senão o de explicar a catástrofe de Jerusalém. Dessa preciosidade, que são os trinta e nove livros, nenhum é tão repleto de tristeza quanto a Palavra do Senhor que veio a Jeremias. Nós o apelidamos de "profeta chorão" e choraríamos também se Nova Iorque ou o Rio de Janeiro se transformassem em ruínas.
Nenhuma personagem do Antigo Testamento, exceção feita a Davi, comunica ao leitor atual tanta dor e humanidade. Jeremias conta o que sentiu durante o holocausto. Ele sobreviveu ao drama. Melhor ainda, ele descreve o sentido do holocausto.
E a visão do holocausto permitiu que os seus escritos fizessem parte do texto sagrado de Israel e da Igreja. As pessoas que enfrentam catástrofes querem saber o porquê. O profeta pergunta com insistência: Por que Deus trouxe essa calamidade sobre nós? Esta pergunta é amplamente respondida por Jeremias, de profecia em profecia.
Falei há pouco que os escritos do profeta são "Palavra do Senhor que veio a Jeremias". Praticamente em cada página lemos expressões como: assim diz o Senhor, palavra do Senhor que veio a mim e o Senhor declara.
Sem rodeios o profeta declara ser a boca de Deus. Todavia, muitos de seus conterrâneos eram profetas e também se autoproclamavam a boca de Deus, contrariando em público tudo o que Jeremias profetizava. A sua mensagem, na realidade, não representava o pensamento geral, mas o de uma minoria.
Depois de Jerusalém ser conquistada por Nabucodonosor, alguns dos sobreviventes tiveram acesso aos escritos de Jeremias, que de alguma maneira foram preservados. Eles o leram. Lembraram-se do exército babilônio e do massacre de Jerusalém.
Chegaram a uma única conclusão lógica: Mesmo desprezado, Jeremias sempre dissera a verdade. Ele, e não a grande maioria dos profetas, falara o que o Deus de Israel dissera. Perceberam que, quando Jeremias profetizava, era Deus quem falava. Mas quem, naqueles dias, queria ouvi-los?
Onde tudo teria começado na vida de Jeremias? Que convicções e experiências o lançaram na vida pública? As palavras do Senhor podem ser repetidas em nossos dias? Nesse sentido é melhor deixar o profeta falar por si mesmo, algo que faz logo na abertura.
Os versos que introduzem o livro estão impregnados de sangue e suspiros. Fazem lembrar os sons e odores da vida urbana. Parecem pintar o retrato de políticos fazendo conchavos em salas impregnadas de fumaça de cigarros. Trazem aos nossos ouvidos o barulho da marcha dos exércitos e o grito súplice de suas vítimas.
Em meio a tudo isso, a Palavra do Senhor veio a Jeremias. Pode-se parafrasear o versículo 2: "Veio a Palavra do SENHOR a Jeremias no momento em que a vida em Judá se tornava insuportável".
Três reis aparecem na linha de frente. Josias tentou fazer na vida religiosa de Judá o que Ronald Reagan tentou na economia americana: desfazer os erros de seus predecessores. Se as coisas andam bem, é possível legislar e promover mudanças na economia; mas o mesmo esforço em legislar para produzir uma reforma religiosa redunda em fracasso, e Josias fracassou.
O filho, Jeoaquim, pródigo e inútil, não só desfez a reforma religiosa pela qual seu pai tanto se esforçara, mas curtia enorme desprezo por Jeremias. Da mesma forma como aconteceu aos reis iníquos que o antecederam, morreu antes que a nação pagasse o alto preço de sua política desastrosa. Os babilônios pela primeira vez invadem Judá e Jerusalém.
O sucessor, o irresoluto Zedequias, governava Judá por ocasião da segunda invasão dos babilônios, quando o templo e a cidade foram destruídos. Jeremias a tudo assistiu, vivendo e pregando durante o período desses reis. Sempre que falava da situação humana daqueles dias, era Deus quem falava. Mas quem o ouviria?
Agora, qual o sentido da expressão: "Deus está falando"? Significa, primeiramente, que as circunstâncias humanas tem significado divino. A tentativa de Josias com a reforma ia além de um decreto real. A extravagância de Jeoaquim era mais do que uma ação política. A destruição de Jerusalém pelos babilônios era mais do que um ato de guerra. Eram meios humanos pelos quais o propósito divino foi levado a efeito. Deus estava falando.

Não saberíamos identificar a voz de Deus se estivéssemos vivendo sob as mesmas circunstâncias. A destruição de Jerusalém parece contradizer todo o propósito divino. Se os acontecimentos humanos são a linguagem que Deus usa, precisamos de um intérprete. Jeremias foi esse intérprete. Como conseguiu tornar-se esse tipo de homem, que penetrava no concílio de Deus, falando as palavras divinas aos filhos de Adão? Os versículos 4-10 nos dizem muito.
"Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta."
Freqüentemente ouvimos pessoas afirmando: "Deus me chamou para fazer isto ou aquilo". E nos perguntamos: "Qual o sentido de ser chamado por Deus?" Não é toda a resposta, mas é parte dela afirmar que ser chamado por Deus envolve um temor de que ele quer que você realize um trabalho que poucos podem fazer.
Não que você seja melhor do que os outros, ou digno de realizar tal feito, ou especialmente qualificado para a tarefa, ou ainda porque você mesmo queira fazê-lo; e sim porque Deus quer que você o faça, e Ele suprirá cada uma de suas deficiências.
E se Deus quer que você o faça, é porque Ele sempre quis. A jornada no ventre de sua mãe, a educação que o levou de criança à vida adulta, tudo faz parte do processo divino, que o trouxe até o dia quando os intentos eternos de Deus penetraram em sua vida consciente, despertaram as emoções e o chamaram a palmilhar a senda escolhida para você.
Ser chamado por Deus envolve temor. O medo parece ser necessário à experiência desse chamamento divino. Muitas foram as pessoas que se encolheram e se acovardaram diante da possibilidade de serem elas as escolhidas por Deus para um determinado projeto.
Moisés, um deles, depois de ouvir acerca do propósito que Deus lhe tinha reservado, perguntou: "Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?"
Na hora em que Saul seria apresentado às tribos de Israel como o seu primeiro rei, não pôde ser encontrado; estava escondido no meio da bagagem.
Aqueles que experimentaram tal chamado dirão: o medo de ser chamado por Deus não é apenas uma reação de humildade; é a realidade batendo justamente na nota certa do teclado dos nossos sentimentos.
A reação imediata de Jeremias foi: "Ah! SENHOR Jeová. Eis que não sei falar; porque sou uma criança". Este é o seu protesto.
O Senhor acena com uma ordem mais explícita: "Aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás". Ele promete (v.8) proteger Jeremias de todos os perigos da empreitada. "E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca."
Que palavras? Que meteoro vindo dos céus caíra sobre os montes da Judéia? Que intenções divinas foram implantadas no cérebro de um homem?
"Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares."
No estardalhaço do coração rebelde e da política estrangeira fatal, o arrancar e o derrubar tiveram precedência no ministério de Jeremias. Os temas plantar e edificar fornecem o contraponto sutil do alerta dos desastres. Precisamos ouvir a ambos, ao ponto e ao contraponto, ou perderemos o que a Palavra de Deus tem a dizer.
Assim, o intérprete está pronto. A língua de Deus solta na terra. E como saber que é a língua de Deus que fala? Tantos falam, tantos opinam em vozes altas e rancorosas, suaves ou fascinantes.
Qual é a marca da voz de Deus? Duas vis>es e uma promessa respondem a essa questão, talvez a mesma levantada por Jeremias. A primeira visão ocupa os versículos 11-12.
"Ainda veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. E disse-me o SENHOR: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir."

A certeza dada a Jeremias e a nós, herdeiros distantes - a primeira marca da autenticação da palavra de Deus ao homem - é a segurança, a confiabilidade. Deus fala a Palavra e a vigia até o dia em que ela frutifique na vida humana.
Quando dela nos esquecemos, Deus nos lembra. Quando as circunstâncias dão um jeito de desprezá-la, Ele no-la recorda. Quando nos desesperamos, ele se encarrega de enviar a sua palavra. As Escrituras testemunham a vigilância de Deus em fazer com que suas intenções, antes pronunciadas, se cumpram.
É por isso que compartilhamos essas palavras faladas anos atrás. Nelas aprendemos a autêntica palavra de Deus que serve para os dias atuais e para as tribulações que hoje enfrentamos - uma palavra autêntica, e portanto, confiável.
A segunda visão produz outra marca que autentica a Palavra. Os versículos 13-16 dizem: "E veio a mim a palavra do SENHOR, segunda vez, dizendo: Que é que, vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, cuja face está para a banda do norte".
O Senhor interpreta a visão como sendo um exército invasor que vem do norte, contra Jerusalém, como instrumento de sua ira. Pregar sobre essa ira vindoura será tarefa demasiadamente árdua para Jeremias.
A razão da ira vindoura é que identifica a mensagem como sendo divinamente autêntica. "E eu pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda sua malícia; pois me deixaram a mim" (v.16). Quando o Senhor fala, quando verdadeiramente nos adverte através de seus servos escolhidos, não importa o que diga, ele fala a respeito da idolatria, por havermos trocado a verdade de Deus pela mentira.
Os médicos não gostam de falar aos seus pacientes sobre o pior. Todos trememos de medo quando ouvimos as más notícias. É melhor o servo de Deus não expor a extravagância do coração humano.
Mas que valor há em se falar de beleza, força e inteligência, quando o raio x mostra uma grande mancha nos pulmões? Aquela mancha põe em perigo todo o corpo humano, a menos que seja removida.
Todo pecado é um afastamento de Deus, a supressão da verdade a respeito do Senhor. A menos que seja examinado e removido, trará sobre nós ruína de grande proporção.
A Palavra autêntica de Deus sempre apontará para o ponto de nossa maior vulnerabilidade - o pecado. Os que se dizem servos do Altíssimo e falam em seu nome, mas nunca expõem o pecado diante de Deus, devem ser ignorados. Não têm palavra alguma de Deus.

Mas você entende porque os verdadeiros servos de Deus freqüentemente se intimidam diante de sua missão. Ninguém anda à procura desse tipo de trabalho; é colocado sobre o crente e o peso é enorme.
Consideremos Jeremias outra vez. "Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença."
Deus promete proteção especial a Jeremias, no entanto o terror e o perigo são reais. Como diz no versículo 19: "pelejarão contra ti". Uma palavra autêntica de Deus tem a marca da oposição. Aqueles que pregam meramente as suas próprias palavras serão ignorados. Aquele que revela o pensamento de Deus aos pecadores enfrentará oposição.
E, assim, numa pequena vila incrustada no território de Benjamim, cinco quilômetros distante de Jerusalém, desce a chama do amor.
O jovem filho de um sacerdote judeu toma seu lugar no Conselho do Senhor. Foi-lhe dada a Palavra de Deus para o remanescente de Israel e para os reis de Judá.
Como os acontecimentos comprovaram, a mensagem do profeta contra o pecado e sobre o juízo vindouro era confiável, não merecendo o ódio e suspeita que lhe sobrevieram. Quando Jeremias falava, Deus estava falando. Mas quem naqueles dias dava ouvidos às Palavras de Deus?
Não muitos. É o que se depreende das páginas do Antigo Testamento. Jeremias relata que a resistência à Palavra de Deus era tão viril que poucos sobreviveram e uma pequena parte impôs a si mesma o exílio no Egito.

O próprio Jeremias deve ter morrido no Egito. Não podemos afirmar que morreu como um homem de sucesso. Se o medirmos pela esperança que tinha com Judá, e pela intensidade de sua mensagem, diríamos que morreu em notável fracasso.
À luz desse fracasso, perguntamo-nos se vale a pena Deus falar em nossas humanas circunstâncias. Num sentido óbvio vale a pena, como testificam as ruínas de Jerusalém. A Palavra de Deus que veio através de Jeremias alertava o povo quanto a essa possibilidade.
E quanto a outra opção - uma Jerusalém arrependida, seu sistema político preservado entre os reinos imperiais da terra, a integridade da adoração mantida num mundo idólatra - o que diríamos dessa opção?
A mensagem proclamada nos dias de Jeremias tornara-se apenas palavras. Como método de prevenção do desastre nacional, sob a ética realista daqueles dias, as palavras de arrependimento pareciam nada promissoras.
Mas Jeremias fala a mente de Deus. A aparente irrelevância de suas palavras diante da realidade militar e do perigo político não nos deve cegar; se Jeremias falou a mente de Deus então falou a verdade. O homem tem de ouvir a verdade, precisa contar com a oportunidade de nela crer e, por conseguinte, alterar o rumo de sua vida.
O sol deve brilhar mesmo que ninguém perceba. A verdade deve ser falada mesmo que ninguém creia. A Bíblia afirma: "Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso".
Muitas são as vozes proclamando que vivemos no crepúsculo de nossa civilização.
Se você tem uma palavra a nos dizer, esta é uma boa hora. Deus está falando novamente em nossos dias. Quando falo a vocês em nome do Senhor, é Deus falando.
Mas devemos humilhar-nos diante do que ouvimos. E também nos alegrarmos porque dessa forma, e não ao contrário, a Palavra de Deus se renovará de geração em geração entre o seu povo.
Você veio aqui esperando ouvir uma Palavra de Deus para o nosso tempo? Se não, por que veio? Você encontrará divertimento maior na frente da televisão; dormirá tarde e ficará em silêncio, pois é isso o que a tevê proporciona.
Não viemos aqui para cumprir com nossas obrigações religiosas; viemos submeter-nos ao Senhor. A indiferença e a insolência possuem um efeito devastador no ambiente onde o juízo e a misericórdia são oferecidos.
Deus está falando. Você percebe o que ele lhe diz e à nossa geração?
Certamente, este mundo e o que nele há passarão. Quem sabe estamos fazendo a transição da velha civilização européia para uma nova era. Talvez a civilização européia esteja desaparecendo do mapa apenas para ser substituída por uma nova civilização. Quem sabe estamos chegando ao fim de todas as coisas.
Em meio ao redemoinho que envolve o nosso mundo podemos ouvir Deus falando. Aqui! A cada um de nós! Mas não somente aqui e nem apenas a nós. Ele fala. A Palavra encarnada, Jesus, fala através de seus servos. Deus está falando. Quem, em nossos dias, o está ouvindo?